Sinopse:
Desenvolvido
a partir da dissertação de mestrado “Uma Ilha Assombrada na Cidade: estudo etnográfico
sobre cotidiano e memória coletiva a partir das narrativas de antigos moradores
da Ilha Grande dos Marinheiros, Porto Alegre”, este trabalho levanta algumas
questões quanto à relação entre memória coletiva, narrativa e espaço fantástico
com referência ao Parque Estadual Delta do Jacuí, reserva ambiental que envolve
o território das ilhas de Porto Alegre, capital do Estado do Rio Grande do Sul
/ Brasil. Através das narrativas sobre lugares “assombrados”, contadas por
moradores das ilhas, busca-se investigar os significados atribuídos a esses
espaços, que, tendo sido abandonados por moradores que mudaram-se para regiões
mais densamente povoadas do arquipélago ou do continente, são espaços onde são
mais visíveis as transfigurações da paisagem com o ciclo de cheias dos rios. Estes
espaços também são justamente os mais valorizados pelos órgãos de proteção
ambiental como áreas de reserva ambiental a serem protegidos. No entanto, as
narrativas dos moradores fazem referência à outras entidades protetoras dos
banhados, beiras de rios, árvores e espécies animais. A utilização de recursos
audiovisuais na pesquisa, em especial, o uso do vídeo, possibilitou uma abordagem
aprofundada da “arte de dizer” dos narradores e uma relação de troca entre
narradores e ouvintes, no trabalho de campo. As imagens dos gestos e posturas
dos narradores, e dos espaços ‘assombrados’ são fundamentais, neste trabalho,
para investigar os ritmos e esquemas de imagens para onde convergem os olhares
desses narradores com relação à sua paisagem habitada.